Fundo



Quero amar e não falhar, quero ir e não vir, quero ser e permanecer.

O fundo do poço onde tenho o fracasso está cada vez mais próximo, cada vez mais certo de mim, não se pode correr para sempre, e o preço a pagar é elevado, é duro de viver assim, é duro acordar e a primeira coisa que nos comanda o pensamento é isto, é querer terminar a viagem neste mundo onde o silêncio e a escuridão governam mas ao mesmo tempo não, não quero terminar não quero despertar quero ficar o viajante que me tornei, não o Aladino, não o ser feliz nem sorridente, muito menos o ser que te amou!

Oiço, sinto, cheiro, o fundo do poço está sensivelmente a dois, dois leves suspiros de adeus e lembrança envolvidos em mágoa, a ternura? Essa não tem lugar aqui, o fundo está mesmo aqui e a cada aproximação torno-me mais frio e sombrio, o fracasso é algo que comanda, o silêncio governa a escuridão realiza o meu sonho de viajante, de puder viver para sempre neste mundo só meu, já não quero fugir do fundo desse poço, é algo que me acalma por completo a dita alma, coisa que já não tenho, perdi a alma quando quis ser mais que um viajante.

“Viajante que em tempos sorriste, onde tens a alma?” é esta a pergunta que oiço, é esta a resposta que dou, silêncio. Foi ai que deixei a alma, foi num túnel onde em tempos circulavam pessoas sorridentes e esperançosas, um túnel cheio de cor, até que numa noite um simples gesto mudou parte da minha palma, uma desculpa levou o que restava, e por fim o coração ficou no silêncio. Deixo o meu coração num jardim, jardim esse que no topo de uma árvore bem escondia por caminhos perdidos, tem um pavão que ao longo dos dias observa o lago onde a água é um portal, foi nesse mesmo jardim que deixei o meu coração mas a alma essa perdeu-se no túnel, deixei-a no momento em que vi a sombra da mentira.

Sou um viajante sem alma ou coração, sou um viajante frio, sombrio, espera, oiço, sinto, cheiro, o fundo do poço está mais próximo, sinto a corpo a dar de si, os olhos que choram parecem conseguir agora parar, os joelhos estão prestes a cair, não vou resistir vou-me deixar envolver por esta escuridão tão doce, sinto-me acarinhado pelo silêncio e amado pelo medo, talvez isto seja o fim da viajem, talvez não, simplesmente sei que amanha pode ser tarde, amanha pode ser cedo, amanha não te vou olhar, não te vou falar, pois quando te vir não vou virar a cara, pois a barreira dos nossos mundo transforma-te num mero vulto, o fundo está próximo, talvez se me debruçar já lhe consiga tocar e assim cair e não voltar.

Sou um viajante que a ultima coisa que deixa neste mundo é a alma e o coração, no meu mundo nade preciso. Sou um viajante que ouve, sente, cheira o fundo do poço…

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