Mundos


Hoje o tempo voltou a parar, parou no ponto de saturação, talvez isto acontece porque sou um viajante que atravessa os mundos, talvez não seja bem vindo neste mundo, talvez nunca devesse ter saído do meu mundo de silêncio e escuridão, nunca devesse ter atravessado essa barreira.

Mas não me arrependo, atravesso mundos, atravesso a barreira em busca daquele olhar que me salvou do fundo do poço, do fim, da destruição. Se voltei a ver esse olhar? Não, nem nada que se escureça, o que tenho visto nem me lembra a Lua. Sou um viajante frio e sombrio que quando atravessa os mundos quase que não chega a tempo, e isso faz-me sentir nú e ao mesmo tempo sinto que a Terra estremece com isso, pois sabe bem ter-te por perto, sabe bem tudo tão certo, mas não, sou um viajante que procura o impulso que o salvou, trai a promessa do meu mundo, mundo esse onde não existe lugar para a mentira, para desculpas, mentiras, mundo esse onde tudo é tão incerto mas ao mesmo tempo perto, onde uma lágrima minha é uma vida perdida, onde uma desculpa tua é uma seta no crime perfeito, onde tudo o que vejo são sombras, onde outrora quando perdia as forças da vida apareceu o raio, o impulso.

Sou um viajante que outrora habitava num mundo se solidão e silêncio, que do nada foi atrás de um olhar, de um toque… Se um dia quando virem as horas notarem que o tempo parou lembrem-se que sou eu, o viajante frio e sombrio que passou por aqui. Atravesso as barreiras proibidas só na procura, só na incerteza da certeza, só na busca na razão queimada, na lágrima abatida, no desejo do peito, no beijo que queimou a alma, do olhar deste mundo.

Viajante é o que sou, viajante sem alma ou coração, sou um ser frio e sombrio, que traiu o seu mundo e atravessa barreiras na procura do olhar, e a cada atravessar perde mais um pouco de si, pois o preço apagar por ti é a destruição de mim.

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