Hoje


Hoje não falo de mim, de ti, vocês.

Hoje o amanhã parece incerto, as horas pararam no ponto de saturação, o Sol foi coberto pelas palavras, a Lua parou em Marte e o mar congelou ao vento. Mas mesmo assim o ser humano caminha, sorri, chora, até ama, ninguém repara no que se passa, ninguém percebe que o Mundo está a parar, serei só eu? Será que fui eu que parei no tempo do incerto? Olho em volta, e percebo que não, percebo que estou na mesma linha temporal que o resto do ser humano, no mesmo espaço.

As horas pararam, mas mesmo assim vejo os comboios a ir e vir, coberto de humanos que caminham como robôs, ninguém olha para as horas, ninguém repara no Sol, ninguém contempla o mar e muito menos alguém sente o vento. Será que ninguém sente?! Penso em gritar bem alto até que a Lua estremeça, até que o Sol fique vivo, até quebrar o gelo, mas não, nada acontece a não ser os olhares dos humanos, olhares frios.

Hoje o amanhã parece mais incerto, o Mundo parou de vez, não falo de mim, de ti, vocês, falo das horas, do Sol, da Lua, do mar e do vento, simplesmente falo do que me rodeia para além do ser humano, para além dos sentimentos que ironicamente os rodeia.

Será que o amanhã vai ser tão incerto? O meu grito de alguma coisa ajudou? Noto que o meu grito de nada se manifestou, foi apenas uma nuvem a esvoaçar em busca do ser humano, decidi sentar-me sobre o gelo e adormecer, talvez o ponto de saturação morra, mas eu não, simplesmente estou de passagem, sabem porque? Porque sou um viajante que passou por breves instantes a barreira dos mundos mas mesmo assim o ser humano nada fez.

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